A verdadeira filosofia nada mais é que o estudo da morte. Isaac Newton
A verdadeira filosofia nada mais é que o estudo da morte. Isaac Newton
Um retrato de família eterniza um momento no tempo e espaço: os gestos, os sorrisos, as vestimentas, as feições, as pessoas envolvidas.
Após muitos anos, quando olhamos para aquela mesma imagem capturada pela máquina fotográfica, sentimos que não somos os mesmos. O mundo mudou e nós também mudamos para bem ou para mal.
Recorro a poetisa brasileira, no poema Retrato, para ilustrar o que significa essa ideia de mudança e transitoriedade: Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo Eu não tinha estas mãos sem força Tão paradas e frias e mortas Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não de por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil, – Em que espelho ficou perdida A minha face? (MEIRELES, 2013, p. 29-30).
Um retrato, portanto, seja em família, entre colegas e amigos, ou numa solitária foto representa um raro e singular evento do passado.
Esse retrato, muitas vezes, pode causar fortes e embriagantes emoções – de alegria ou tristeza, felicidade e rancor, saudade e melancolia -, ainda mais, quando as pessoas queridas na imagem nos deixaram por motivos diversos, e é claro, a morte.
A morte está presente como um dos profundos e significativos aspectos de uma cultura. A morte é a mudança radical por excelência.
De acordo com Epicuro, “a morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais”.
Para o escritor francês Victor Hugo, “a vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace”.
Acho incrível a frase do filósofo romano Sêneca: “nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte”. Acredito que viver intensamente a cada dia e amar aqueles ao nosso redor é uma forma de eternizar.
Como diz o Padre Fábio de Melo: “uma coisa é certa…o que ficará de nossa passagem pelo mundo é o amor que amamos, o bem que fizemos”.