Somos todos clowns

Somos todos clowns

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Creio que todos temos um clown dentro de nós. E a ideia disso tudo é que não podemos nos levar tão a sério e de vez em quando é gostoso rir de nossas bobagens.

“Vida é mudança. Quando cessa o movimento, o ser envelhece e morre”. Essa magnífica sentença de Pirandello nos mostra a força da dinâmica da vida.

O dramaturgo italiano tinha razão. Vida é movimento.

A todo momento, devemos estar preparados para as mudanças e contingências da vida. E nem sempre lidamos bem com as surpresas que a vida nos oferece.

Muitas vezes, não sabemos lidar com as críticas tampouco com os nossos tropeços e fracassos. Somos ensinados a não fracassar.

Não sabemos lidar de maneira positiva e seguir adiante, na certeza de que outros escorregões virão – afinal, somos todos falíveis e imperfeitos.

Isso me faz lembrar da figura excêntrica e cômica que é o palhaço.

Uma das características mais fascinantes do palhaço é que ele deve fracassar e, então, sobreviver.

A palavra “clown” data da segunda metade do século 16 e designava o tipo rústico, simplório e estúpido que fazia a plateia rir nas encenações de teatro de moralidades da Inglaterra.

Na Itália, o clown surgiu na Commedia dell’arte que vulgarizou a trama, as intrigas e as situações, aproveitando máscaras e trajes carnavalescos e os grandes recursos da pantomima popular.

A Commedia dell’arte foi um dos gêneros mais populares em toda a Itália, com profundos reflexos no teatro europeu da época.

Podemos considerar que a Commedia dell’arte é o ponto de partida das diferentes e posteriores formas de teatro do povo que culminariam no drama shakesperiano. Com o tempo, o palhaço ganhou as telas de cinema.

Não se tratava de representar apenas um tipo engraçado, mas de assumir um estado de vulnerabilidade e risco diante dos demais homens e mulheres.

O palhaço revelava seus medos, anseios, o desejo de ser amado e as suas fragilidades. Chaplin representou bem essa faceta da essência do idiota assumido. Ou seja, um ser que não quer errar, mas erra e nem se dá conta. Ou finge não se dar conta.

E, por fim, como afirma Maria Fernanda Vomero: “só temos a ganhar ao admitir que podemos ser patetas e, a despeito de todas as exigências sociais e da supervalorização do sucesso, que fracassamos”.

O importante é sobreviver, rir muito e seguir adiante.

“O tempo que passas a rir é tempo que passas com os deuses”.

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