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“Ouvimos sempre dizer que as pessoas más são incapazes de nos encarar firmemente. Não há maior tolice. A desonestidade encarará fria e firmemente a própria honestidade, em plena luz do dia, sempre que houver algum proveito a tirar.” Essa magnífica frase de um dos maiores escritores do cânone ocidental, Charles Dickens, sintetiza o pensamento ligado ao chamado vampirismo dos dias atuais.
A lista mais do que comprovada das cem pessoas mais velhas dos tempos atuais revela uma gama de idades que variam entre 113 e 122 anos.
A medicina promete aumentar consideravelmente nossa expectativa de vida ao longo das próximas décadas.
Cada vez mais, há técnicas sofisticadas para melhorar a saúde humana. A busca pela saúde é um desafio diário para todos os governos e indivíduos. Alguns números que são espantosos:
– A estimativa de valores no mercado de serviços de saúde para 2015 é de US$ 3 trilhões, transformando essa indústria em um dos maiores setores da economia mundial;
– Nos países desenvolvidos, a saúde consome mais de 10% do produto interno bruto; – O mercado farmacêutico global fatura mais de US$ 300 bilhões por ano;
– As dez maiores indústrias de remédios (seis sediadas nos Estados Unidos e quatro na Europa) vendem mais de US$ 10 bilhões por ano e têm uma margem de lucro de aproximadamente 30%;
– Em média, os custos para desenvolver um único medicamento podem ultrapassar US$ 1,3 bilhão.
De acordo com Organização Mundial de Saúde, em 2006, havia mais de 59 milhões de trabalhadores da área de saúde ao redor do planeta, incluindo 9,2 milhões de médicos, 19,4 milhões de enfermeiros e parteiros, 1,9 milhão de dentistas e outros profissionais ligados à odontologia, 2,6 milhões de farmacêuticos e pessoas do ramo de farmácia e mais de 1,3 milhão de agentes comunitários de saúde.
Um dos grandes desafios dos sistemas de saúde está relacionado ao envelhecimento da sociedade.
A população global está ficando mais velha. Calcula-se que, em 2050, a porcentagem de pessoas com mais de 60 anos de idade crescerá dos 21% atuais para 32% nos países desenvolvidos e de 8% para 20% nas nações em desenvolvimento.
Envelhecer é parte do processo evolutivo da vida.
Nas palavras de Simone de Beauvoir, “viver é envelhecer e nada mais”.
Porém, algumas pessoas vivem sob o complexo do vampirismo.
É um sintoma mórbido de nossos tempos.
Há alguns traços do chamado vampirismo nos dias atuais que podemos identificar:
A primeira característica do vampiro é o medo da morte. O ser humano torna-se um vampiro quando sua aparência e o sonho da “eterna juventude” transformam-se no centro de sua vida.
A segunda característica é o egocentrismo e o narcisismo, a pessoa necessita chamar atenção e não tolera concorrência.
A terceira característica é que o vampiro alimenta-se da morte dos outros. É necessário que os outros desapareçam, ou pelo menos não estejam no centro das atenções, para que ele seja a figura central.
A quarta característica, a vida de um vampiro é sempre pobre e superficial. Ele é incapaz de amar, de ter uma amizade profunda, enfim, de um relacionamento com o outro. O vampiro mantém-se vivo, mas é condenado a ser um “morto-vivo”. Ele tem medo de arriscar e de experimentar o novo. Ou seja, não percebe que “a vida é maravilhosa se não se tem medo dela”, como disse Charles Chaplin.
A quinta característica, o vampiro é aquele que não possui a vida própria, mas necessita de sangue (símbolo da vida) dos outros para sobreviver, ele possui a necessidade de apropriar-se das qualidades, das ideias e da vida do outro para poder continuar vivo. Ele é incapaz de viver de seu próprio sangue, de seu próprio trabalho, de suas próprias ideias. Sua fonte de vida é sempre o trabalho alheio.
Para não nos tornamos “vampiros” é fundamental encarar nossos medos, ter a coragem de encontrarmo-nos, confrontando com nossas tendências negativas e descobrindo nossas potencialidades.
Rever nossas prioridades de vida, refletir sobre o caminho já percorrido, reformular ações, pensamentos e atitudes, ampliar a nossa espiritualidade, relacionar de modo claro e coerente com os outros, aproveitar a vida de modo alegre e saudável.