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29 Agosto 2018 – Diário de Santa Maria
O silêncio domina todo o lugar. A neblina faz parte da paisagem. As pequenas cercas de pedra dão uma atmosfera medieval e gótica. Tudo é rústico e selvagem. As ovelhas estão por toda parte.
Esta breve e simples descrição está bem alinhada ao site Welcome to Great Britain, o qual há 15 motivos para visitar a Escócia. “País único, apaixonante e cheio de histórias fascinantes! Dos castelos dos clãs ao whisky puro malte, do kilt ao inconfundível som da gaita de foles, há coisas que só existem na Escócia”.
Eu destaco cinco, em especial: a capital escocesa é apaixonante, há centenas de castelos, é o lar do monstro do Lago Ness, o whisky é a bebida nacional e possui mais de 750 ilhas.
O Lago Ness é estreito e possui alguns quilômetros de comprimento. Em uma das extremidades está a cidade de Inverness. Na outra, um mosteiro beneditino. Construído na Idade Média e todo em estilo gótico, o mosteiro está em perfeita sintonia com o Lago Ness, o qual possui águas escuras. É o lago mais profundo da Europa, quase sempre com névoa e cercado de montanhas. O Lago abriga um morador de fama mundial – o monstro do Lago Ness. “O primeiro registro de Nessie, como é carinhosamente chamada, data do ano 565”.
Há alguns anos atrás, tivemos um relato assombroso de um monge de quase 90 anos: “eu estava num pequeno barco no meio do Ness. Lentamente as águas escuras do lago tornaram-se agitadas. Inesperadamente, eu me vi diante de Nessie. O monstro tinha seis ou cinco metros de altura, aquilo parecia um dinossauro. Ele ficou me olhando atentamente por alguns segundos. Fiquei paralisado, olhando fixamente para aquela criatura. Alguns segundos depois, Nessie submergiu rapidamente e desapareceu”.
Esse relato ficou conhecido em todo mundo e o monge apareceu em vários jornais e livros sobre o Ness e seu monstro. Fantasia ou não – o monstro do Lago Ness – tornou-se parte viva da vida daquele monge.
De fato, não precisamos visitar o Lago Ness para encontrarmos monstros em nosso cotidiano.
Muitas vezes, criamos monstros internos. Quando supervalorizamos fatos e acontecimentos tristes de nossa vida, deixando que eles se tornem absolutos e dominem toda a nossa existência. E colocamos em nós mesmos estigmas que carregamos injustamente.
Por outro lado, “valorizamos” muitas de nossas conquistas e não damos a nós mesmos uma oportunidade de vivermos outras experiências marcantes. Ou seja, nós nos tornamos escravos de nossa própria subjetividade, de nossas fantasias.
Outras vezes, desejamos que algo misterioso e fantástico ocorra em nosso cotidiano. Às vezes, queremos compreender certos acontecimentos inesperados como se fossem “intervenções divinas”.
Realmente, a fantasia é fundamental. Sendo ela, um motor para a criatividade, possibilitando que nos tornemos verdadeiros construtores do real.
O lado tenebroso da fantasia é quando ela nos afasta da lucidez e do equilíbrio emocional, e nos torna habitantes de um mundo inexistente.
“A busca por realizar nossas fantasias e desejos não significa tornamo-nos suas vítimas, mas sim sermos ativos o suficiente para transformá-las em vida” (Padre Beto).