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Diz o poeta Ovídio que “enquanto fores feliz, contará com numerosos amigos. Se vierem tempos sombrios, ficarás sós”. Na realidade, Ovídio está enganado. É no infortúnio e na desgraça que encontramos os verdadeiros amigos. Que serão poucos.
É muito melhor ter inimigos declarados que velados.
Infelizmente, colecionaremos em nossas vidas muitas inimizades. Independente de sermos pessoas serenas, reservadas ou muito sociáveis.
Percebo que como “lei da natureza”, haverá pessoas a quem incomoda o simples fato de existirmos.
É a chamada aversão instintiva.
A aversão, escrevia Spinoza, é uma perturbação da alma que se volta contra um objeto por causa do mal ou do sofrimento de que sabemos ou supomos ser esse objeto o autor por natureza. Difere do ódio. A aversão não tem causa precisa. Isso pode ser provocado por temperamentos e natureza distintas.
Ao longo de nossa existência, adversários movidos pela aversão instintiva estarão presentes.
Não haverá meios de deter essa aversão. Somos a negação viva da natureza deles. Nisso, é fundamental um rompimento franco do que um compromisso agridoce. Vivamos com quem nos quer bem.
Não adianta reconciliação. O ressentimento estará ali, escondido, pronto para ressurgir a qualquer momento. As pessoas têm uma pele muito sensível, quando se trata delas, a mínima crítica fere-os, principalmente se toca em um ponto vulnerável.
Muitos assemelham-se a uma pessoa ferida cuja chaga parece cicatrizada, mas que solta um grito se tocamos na zona sensível. Um mau contato pode despertar um ódio feroz.
E que ódio! Receberemos ofensas, palavras agressivas e cruéis. Seremos julgados impiedosamente. Não haverá paz.
Contudo, mesmo depois de uma noite sombria surgirá no horizonte um esplêndido raiar do sol, a aurora de novos tempos. Mesmo que os inimigos fiquem à espreita aguardando pela nossa queda, triunfaremos, resistiremos e venceremos.