Link externo:
01 Agosto 2018 – Diário de Santa Maria
Num templo distante, erguido nas montanhas do Japão, quatro monges decidiram fazer um retiro que exigia silêncio absoluto. O frio era intenso. Logo, uma onda de ar gelado penetrou no templo.
O monge mais jovem gritou:
– A vela se apagou!
– Por que você está falando? Repreendeu o monge mais idoso.
– Estamos fazendo uma cura pelo silêncio.
– Não entendo por que vocês estão falando em vez de calarem a boca, como foi combinado! – berrou o terceiro monge, indignado.
– Eu sou o único que não disse nada! – declarou, orgulhoso, o quarto monge.
Essa história fala da dificuldade que temos em viver além do ruído das palavras. Um dos poemas mais célebres do Taoísmo, afirma que é no silêncio e no vazio que todas as coisas estão presentes em potencial.
Um dos meus sonhos é conhecer o Japão. Eu admiro a história, a culinária, o sistema educacional, o sistema de transporte, a cultura e os valores japoneses.
Vale citar que o Japão possui elevados níveis de escolaridade e a cidade de Tóquio apresenta um sistema de transporte invejável e altamente desenvolvido: numerosas linhas de trens, metrô e de ônibus. Um sistema de transporte público e eficiente.
Algo que me chama atenção das inúmeras características positivas do povo japonês é a disciplina, a assiduidade e a perseverança.
Ultimamente, uma frase associada à persistência tomou corpo e força no Brasil. Ela se propagou intensamente: “Sou brasileiro e não desisto nunca”. Apesar do cenário de desesperança, de crise, de aflição, de sofrimento e angústia que vivemos.
Na perspectiva otimista de “tempos melhores virão”, relembro da história de um ilustre brasileiro que ensinou um famoso japonês sobre o ato de nunca desistir. Refiro-me ao duelo inesquecível entre o brasileiro Hélio Gracie e o japonês Masahiko Kimura.
Kimura era o atual campeão mundial de judô. Considerado no Japão o maior judoca de todos os tempos. Ele pesava 85 kg e tinha 1,70 de altura. Enquanto Hélio Gracie pesava 60 kg e tinha 1,75 de altura. Kimura estava invicto nos seus 15 anos de carreira como atleta.
Hélio Gracie também estava invicto. Kimura ganhou a luta. Usou uma chave de braço chamada de ude-garami e depois batizada no jiu-jitsu com seu nome.
Hélio resistiu por 18 minutos arrancando elogios do adversário em plena luta. Hélio recusou-se a bater por desistência. E só foi vencido quando seu irmão, Carlos Gracie, invadiu o tablado e bateu no chão três vezes (desistência), temendo fratura séria.
Kimura, ao longo de sua vida, deu diversos depoimentos enaltecendo ao rival, chamando-o sempre de “o homem que nunca desiste”.
Meus caros leitores, sendo assim, apesar dos tempos de incertezas, não esqueçamos que: “A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. Perseverar sempre. Desistir jamais”. Eu não desisti.